"Creio que pelo menos alguns economistas que dominam brilhantemente as 'modelagens' matemáticas (se forem um pouco menos cínicos do que o prêmio Nobel Robert Lucas) devem repetir para si mesmos a pergunta que a rainha Elizabeth II fez aos professores da famosa London School of Economics em novembro de 2008: 'Como foi possível que, depois de mais de um século de estudos, os senhores foram incapazes de prever a crise que colocou em risco a economia mundial?' O fracasso da macroeconomia em matéria de 'previsão' é fato passado em julgado. E (com razão ou não) muitos acadêmicos garantem que 'prever' não é obrigação dos economistas e não é a finalidade da teoria econômica 'científica', o que não parece fora de propósito. O fato curioso é que eles mesmos, quando assumem o papel de 'analistas' no mercado financeiro (a serviço de bancos, fundos e 'tutti quanti'), não fazem outra coisa a não ser 'prever', para induzir 'cientificamente' os compradores de seus papéis. Aquela atitude defensiva, entretanto, não poupa a teoria econômica. De um 'cientifismo equivocado' que lhe deu imensa visibilidade e prestígio, há pouco mais de uma década, ela hoje é vista com desconfiança, quando não desmoralizada." (Antonio Delfim Netto. "Para Salvar a Teoria Econômica". Valor Econômico, 1º/12/2009)
Algumas coisas, quando ditas com clareza e simplicidade, são avassaladoras. Ainda mais se ditas por pessoas ilustres, como Delfim Netto (e a Rainha Elizabeth, of course).
Dá o que pensar sobre a "nossa" defesa da concorrência...
Ótimo post!
ResponderExcluirRealmente é uma questão a se pensar em termos, talvez "preventivos", quanto à defesa da concorrência. Acontece que, ainda não tenho em mente o que comentar em termos de conteúdo quanto a fazer uma possível relação entre os dois; porém é um grande assunto, que merece um pouco mais de estudo, motivo pelo qual deixo apenas os meus parabéns pela postagem e uma proposta de incentivo a discussão do assunto.
Att.
Vitor Dias
Interessante a discussão sobre a responsabilidade dos bancos na avaliação do mercado financeiro para seus clientes. Fulano orientado por seu amigo gerente aplica o que tem e o que não tem em ações. A Bolsa despenca e fulano perde tudo, inclusive a saúde, chegando à beira do infarto. O Judiciário já tem casos semelhantes para ilustrar. Claro que ninguém tem bola de cristal (pena...), mas acho que faz parte da função do analisa econômico responsabilizar-se pelas previsões que faz. Não acha blogueiro?
ResponderExcluirSe a previsão foi feita por um economista, acho um absurdo culpá-lo por qualquer erro, que, certamente, decorreu da inadequação do comportamento da sociedade frente à racionalidade econômica do modelo adotado.
ResponderExcluirDe qualquer modo, nesses casos, faça como eu: consulte sempre um advogado.
Abraços.