Há uma preocupação, várias vezes manifestada em jornais e artigos acadêmicos, com a deterioração do perfil das exportações brasileiras. Não se trata apenas da possibilidade de sua redução (em decorrência da valorização do câmbio e/ou da desaceleração da economia mundial). Por deterioração entende-se, mais especificamente, a perda da importância relativa das exportações de bens de maior valor agregado ou maior densidade tecnológica em relação às exportações totais brasileiras (vide comentário anterior clicando aqui).
Quando analisamos esses dados, há vários "indicadores" possíveis. Por exemplo:
a) o acima referido, que mede a participação percentual das exportações de um conjunto de produtos em relação às exportações totais;
b) outro, igualmente simples: o crescimento das exportações, por tipo de produto, ao longo do tempo; e
c) um terceiro, que é a participação das exportações brasileiras, por tipo de produto, nas exportações mundiais.
Vamos aos números (valores absolutos em dólares; fonte: Secex/MDIC):
A tabela ratifica a perda de participação das exportações de bens de maior densidade tecnológica nas exportações totais entre 2005 e 2006. Porém, a tabela mostra também que as exportações de todos os tipos de produtos apresentaram crescimento no período. Mesmo os 6,9% de crescimento das exportações de bens industriais de alta tecnologia são significativos.
A análise, em termos da participação nas exportações totais, encontra-se claramente enviesada pelo elevado crescimento das exportações de bens não industriais, que estão "surfando" no crescimento das importações chinesas e no aumento generalizados dos preço internacionais das commodities.
A avaliação com base no crescimento das exportações dos diferentes tipos de produtos evita esse viés. Sob esse prisma, o desempenho das exportações brasileiras não parece tão ruim. Não dá para ser conclusivo, porque não disponho das informações para a construção do terceiro e melhor indicador - a participação das exportações brasileiras, por tipo de produto, nas exportações mundiais.
Interessa muito pouco a evolução da composição das exportações brasileiras. Interessa mais sua evolução ano a ano. E interessa realmente nossa posição em relação ao resto do mundo, isto é, o "share" das exportações brasileiras nas exportações mundiais, por tipo de produto.
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