quarta-feira, 25 de abril de 2007

Comércio exterior: especialização regressiva

O Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT), do Instituto de Economia da Unicamp, em seu Boletim de nº 8 (link), analisou profundamente da evolução do comércio exterior brasileiro no período 2002-2006. A preocupação central, se resumida em um único indicador, reside na dependência cada vez maior do desempenho das exportações de commodities para sustentação do saldo comercial (vide gráfico).

De fato, é impossível resumir tanto assim. O NEIT verificou que o crescimento das exportações esteve baseado nas commodities, acompanhando a expansão das exportações para a Ásia, e que o crescimento das importações, por sua vez, foi puxado pelos produtos de média e alta complexidade tecnológica, inclusive da Ásia. Em conclusão:
"esta nova rodada de especialização do comércio exterior brasileiro tem gerado saldos comerciais expressivos, mas também tem contribuído para o 'esvaziamento' da estrutura produtiva no Brasil. Esta especialização regressiva (forte peso das vendas externas de Commodities na pauta e 'desadensamento' industrial) limita a capacidade da economia brasileira de aproximar-se das trajetórias de outros países em desenvolvimento, cujo dinamismo foi, e ainda é, fortemente dependente do desempenho da indústria e da produção de bens de maior intensidade tecnológica."
Aqui já se fez algo semelhante (link), embora com menos rigor e detalhe. Minha provocação* sincera é a seguinte: a classificação dos produtos em commodities, de alta complexidade tecnológica etc. dá conta do recado? Exemplificando (mas não nos prendamos ao exemplo), o potencial de crescimento e os encadeamentos setoriais das exportações de aviões são tão maiores do que os das exportações de soja ou de minérios?

* Nada como estar "desse lado" e poder apenas especular sobre temas tão complexos.

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