O título não é bom. “Classe média” é ruim. Em outros tempos eu diria “burguês”. Hoje, a definição seria longa ou eu incompetente demais.
Exemplifico: outro dia, em um caixa para pagar uma conta qualquer, a pessoa que estava à minha frente disse: “não vou dar o CPF, não quero que o Lula fique sabendo como eu gasto o meu dinheiro”, referindo-se à “nota fiscal paulista”, cujo nome diz tudo.
Algo semelhante senti ao ler “Moço, tem vacina contra a ignorância?”, de Ruth de Aquino, em Época nº 572:
Tudo muito previsível, tudo muito piegas, eu diria, mas alguma coisa fora do esperado?
O presidente teria que se encontrar com a ministra em público em algum momento. Poderia manter silêncio, o que não é do feitio dele, nem satisfatório do ponto de vista da “opinião pública”. Vamos lá: ele tinha que falar alguma coisa!
a) “Ministra, dado seu problema de saúde, está exonerada”.
Não, não seria muito humano, nem politicamente correto.
b) “Ministra, a despeito das esperanças trazidas pelos médicos, sua situação é grave, gravíssima, eu diria”.
Muito animador!
c) “Ministra [falando para o público], confio, em Deus e nas orações desse povo maravilhoso, que você em breve estará plenamente recuperada”.
É o que é viável, não? Diante das circunstâncias, de uma plateia (que horror, não tem mais acento!) e de um ser humano à frente, não? Não é "mentira" no sentido estritamente pejorativo do termo. Faz parte do jogo, como fez a "mentira" de Mitterand, Reagan, McCain etc. (na mesma edição da Época).
O público da Época não é ignorante e, portanto, não é vítima da fala do presidente Lula. Já o povão...
Não dizer (o presidente) nada? Dizer que a viabilidade política da candidatura da ministra encontra-se sub judice? Afora o irrealismo, a imprensa cairia de pau diante de tamanha insensibilidade. Enfim, dizer o que para toda a população?
Faz tempo que acho isso: nossa imprensa escreve para um ou dois ou três milhões de pessoas, pensando que escreve para as massas... Dependendo do ponto de vista, o Brasil é muito maior ou menor do que imaginamos (eu inclusive, é claro)
Exemplifico: outro dia, em um caixa para pagar uma conta qualquer, a pessoa que estava à minha frente disse: “não vou dar o CPF, não quero que o Lula fique sabendo como eu gasto o meu dinheiro”, referindo-se à “nota fiscal paulista”, cujo nome diz tudo.
Algo semelhante senti ao ler “Moço, tem vacina contra a ignorância?”, de Ruth de Aquino, em Época nº 572:
“O maior escândalo da semana foi o aproveitamento político do câncer da ministra Dilma Rousseff pelo presidente Lula, no calor do palanque amazônico. Dilma não merece. E a gente menos ainda ... Porque é tudo mentira. Lula subestima seus ouvintes. Uma coisa é ser otimista. A outra é faltar com a verdade de maneira calculada, para tornar a ministra da Casa Civil, aos olhos do povo, uma mulher como outra qualquer”.Vamos aos fatos, narrados por Matheus Leitão (“Um câncer no caminho”), na mesma edição:
“No encerramento de uma visita a obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual Dilma é ‘gerente’ e também ‘mãe’, uma caravana formada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, outros três ministros e pelo governado do Amazonas, Eduardo Braba (PMDB), chegou ao último compromisso, num conjunto habitacional. Ali, Lula fez um discurso ... Disse que, a partir de agora, cuidar da saúde passou a ser a ‘prioridade zero’ de Dilma. Mesmo admitindo a gravidade da doença, Lula afirmou que ela ‘não tem nada’. Definiu a quimioterapia como um tratamento ‘preventivo’ e confirmou que ela continua sendo sua candidata à campanha presidencial, em 2010."A reportagem segue descrevendo a situação, algo messiânica, em que o presidente Lula convida a ministra a acreditar na força que vem das rezas dos populares e pede que “orem por ela”.
Tudo muito previsível, tudo muito piegas, eu diria, mas alguma coisa fora do esperado?
O presidente teria que se encontrar com a ministra em público em algum momento. Poderia manter silêncio, o que não é do feitio dele, nem satisfatório do ponto de vista da “opinião pública”. Vamos lá: ele tinha que falar alguma coisa!
a) “Ministra, dado seu problema de saúde, está exonerada”.
Não, não seria muito humano, nem politicamente correto.
b) “Ministra, a despeito das esperanças trazidas pelos médicos, sua situação é grave, gravíssima, eu diria”.
Muito animador!
c) “Ministra [falando para o público], confio, em Deus e nas orações desse povo maravilhoso, que você em breve estará plenamente recuperada”.
É o que é viável, não? Diante das circunstâncias, de uma plateia (que horror, não tem mais acento!) e de um ser humano à frente, não? Não é "mentira" no sentido estritamente pejorativo do termo. Faz parte do jogo, como fez a "mentira" de Mitterand, Reagan, McCain etc. (na mesma edição da Época).
O público da Época não é ignorante e, portanto, não é vítima da fala do presidente Lula. Já o povão...
Não dizer (o presidente) nada? Dizer que a viabilidade política da candidatura da ministra encontra-se sub judice? Afora o irrealismo, a imprensa cairia de pau diante de tamanha insensibilidade. Enfim, dizer o que para toda a população?
Faz tempo que acho isso: nossa imprensa escreve para um ou dois ou três milhões de pessoas, pensando que escreve para as massas... Dependendo do ponto de vista, o Brasil é muito maior ou menor do que imaginamos (eu inclusive, é claro)
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