Três perguntas para Edgard A. Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) e sócio da Edgard Pereira & Associados (EDAP)*:
1. Considerando que grande parte do atual fluxo de divisas provém da balança comercial, quais as alternativas que o governo dispõe para induzir uma desvalorização do real?
A principal medida seria acelerar a redução da taxa de juro. O diferencial entre juro real interno e externo faz com que a remuneração dos títulos denominados em reais seja muito elevada, atraindo grande volume de investimento de curto prazo. A rigor, a taxa de juro interna não tem nem incorporado as reduções da percepção de risco dos títulos brasileiros. Como resultado, considerando a avaliação risco-rentabilidade, os títulos brasileiros estão fora do preço de equilíbrio. É fato que os saldos comerciais positivos também pressionam para baixo a taxa de câmbio. No entanto, a magnitude dos saldos – em torno de US$ 40 bilhões – não é tão elevada, relativamente ao fluxo de capitais de investimento, e menor ainda quando comparada à mobilização de recursos proporcionada pelas várias modalidades de derivativos que se beneficiam do diferencial entre as taxas de juro interna e externa.
2. Para alguém que vá sair em férias, digamos, para os Estados Unidos, o que você sugere: primeiro ou segundo semestre?
Recomendo o segundo semestre. A última reunião do Copom definiu uma trajetória de redução da taxa de juro muito suave ao longo de 2007. O mercado de câmbio está se ajustando a essa expectativa de comportamento dos juros e deve definir um patamar mais valorizado para a taxa de câmbio.
3. Qual a contribuição da chamada "defesa da concorrência" para o crescimento e o desenvolvimento econômico do país?
A defesa de concorrência é essencial para que o desenvolvimento se dê com incremento da produtividade e maior eqüidade na distribuição dos benefícios do crescimento.
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* Meu dileto chefe.
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