quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Macro v. Micro

É complicadíssimo avaliar a política econômica por seus efeitos macro e microeconômicos. Dois exemplos colhidos hoje na Folha (por sinal na mesma página B2) ilustram essa dificuldade.

Para Alexandre Schwartsman (ex-diretor do Banco Central e economista-chefe para América Latina do Banco Real), as importações não "roubam" o crescimento da economia e - é esse o ponto que destaco - a política cambial tem produzido saldos comerciais e em conta corrente positivos substanciosos, a despeito da redução do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA. Tudo na esfera da macroeconomia.

Já no campo da análise setorial (aproximadamente microeconômica), André Rebelo (chefe do departamento econômico da Fiesp) destaca que a valorização do câmbio tem causado a substituição de insumos, partes e peças nacionais por produtos importados, diminuindo o conteúdo nacional da produção industrial.

Simplificando. O aumento do preço de commodities agrícolas e minerais nos mercados internacionais tem sustentado a rentabilidade das exportações brasileiras, apesar do câmbio. O saldo comercial não cede, enquanto padecem os setores voltados para o mercado interno. Assim, o equilíbrio macro pode esconder fortes desequilíbrios micro. A solução está na desvalorização do câmbio ou na adoção de medidas de apoio de cunho setorial?

2 comentários:

  1. Nem uma coisa, nem outra João. Se há uma percepção que o câmbio real (e reitero "real") está prejudicando setores que alguma outra avaliação considera "estratégicos", ou (e este me parece um argumento mais forte) que tragam "externalidades" positivas para a economia, um programa de redução sistemática do gasto público, em particular do gasto corrente, implicaria desvalorização da taxa real de câmbio. A redução da demanda por bens não-comercializáveis faz com que o preço destes bens com relação aos comercializáveis cais, o que é equivalente à depreciação do câmbio real. Do lado do câmbio nominal (a expressão monetária do afirmado acima), a queda da taxa de juros doméstica implica depreciação do câmbio nominal, mas ocm inflação constante, graças à queda do gasto público. Abs, Alex

    ResponderExcluir
  2. PS: Voltando ontem da Argentina, simplesmente não havia controle de bagagem pela receita federal. Sinal da abertura às "importações" ou ressaca de carnaval?

    ResponderExcluir

Faça seu comentário. Anônimo ou não.